Era frio,
jantamos naquele restaurantes simples,
tinha uma certo ar de descuido, de velhice,
você me convenceu de que essa a graça do lugar;
Pedi um prato quente, você um prato frio,
discordamos quanto ao vinho,
e também quanto a sobremesa;
em determinado momento, enquanto te olhava,
percebi que não era a comida, ou a bebida, ou todo o resto,
era você.. era você a graça da noite;
Não percebi quando deixamos de falar sobre você ou sobre mim
e começamos a falar sobre política,
ou quando começamos a falar sobre nossos animais
de estimação, muito menos quando você, em um rompante,
segurou minha mão sobre a mesa, corei... tentei puxar,
você segurou;
Não lhe soa estranho o quanto certos sentimentos
podem nos provocar medo?
Não sei bem o que senti, medo, receio, inércia...
Seu olhar de carinho me fez relaxar, era tão doce,
tão cheio de coisas boas;
Você se propôs a me deixar em casa, aceitei..
não sabia o que dizer durante o caminho,
mas quando te olhava de soslaio percebia que você sorria,
perguntei qual era a graça e sua resposta foi "você",
mais uma vez eu não soube o que dizer, queria que o tempo
fosse mais rápido, queria acabar com aquela tortura;
eu nunca soube como tudo terminou, o despertador não me deixou descobrir...