domingo, 10 de março de 2013

Miragens

Plantei uma árvore, depois plantei outra, plantei outras duas, 
depois plantei uma roseira, depois plantei outra, plantei outras duas roseiras;
A chuva parecia ter prazer em cair sobre o meu jardim, sabia exatamente a hora que precisava ser regado;
Semeei algumas sementes, mentira, foram várias sementes, elas caíram onde lhes parecia correto cair...
E elas nasceram, a terra às acolheu com gosto, com um abraço de vida;
Fiz um jardim e nele havia Carvalhos, Pinheiros, Ipês, uma Jabuticabeira, eram tantas as árvores, não poderia eu descrever todas.
 Havia um pequeno lago, meia dúzia de peixes ou duas dúzias talvez, meu lago tinha águas transparentes, fundo negro, mas tinha vida e era nítida a vida dele;
 três ou quatro cisnes brancos, dois ou três cisnes negros, talvez mais ou menos;
A noite meu jardim tinha um cheiro singular, uma mistura singela do doce aroma 
eucalipto com o rasgante aroma de três ou quatro Damas da Noite;
Caminhar descalço sobre chão, a grama, parecia o céu, o chão parecia entender as preces da minha pele que queria vida; 
Grama verdinha,sol amarelo, rosas vermelhas, tanta cor, tantos desenhos tantos sonhos...
Tantos pássaros, tantos sons, tanta música...
Tanta história...
Ah sim... é uma bela história a ser contada, mas é só uma história, a verdade não é bem assim...
Plantei uma semente, ela morreu... plantei outras duas sementes elas também morreram,
tudo que eu vi não passava de uma miragem...
A chuva nunca caiu, os cisnes nunca existiram, o lago também não;
Quando caminhei sobre meu provável jardim, ele queimou meus pés;
Pensei ter jogado sementes sobre uma terra fértil, mas na verdade era um deserto;
No final, tudo não passou de uma miragem, uma bela, linda, perfeita miragem,
mas miragens também machucam...

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